ABORTO! SIM OU NÃO

Depois de uma campanha atribulada, onde muitas vezes se usaram métodos pouco éticos, como campanhas em igrejas, o que não faz de todo sentido, o sim ganhou.

Mas será que toda a gente votou em consciência, ou terá existido neste voto uma necessidade por parte dos votantes de se tentar arrumar esta questão na gaveta de uma vez por todas?

Ao que me refiro, é essencialmente, a um cansaço por parte da população portuguesa nesta matéria, que desde de 1998 não se tem falado noutra coisa senão na despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

A verdade, é que eu, em particular e isto digo-o em questão pessoal, votei em branco. Porquê? Porque achei que a campanha foi muitas vezes aos dois níveis, pouco ética.

O sim dá-lhes uma segurança e reporta à mulher toda a responsabilidade sobre a decisão de fazer um aborto, mas o não defendia uma vida, uma vida que já se gerou dentro dela, e que já mexe às 10 semanas de vida. O sim, ajuda a resolver o problema de uma gravidez numa rapariga com 14/15 anos, o não defendia a criação de um apoio social quando isto acontecesse.

A igreja tomou um partido o que foi natural, mas muitas vezes sarcástico. Haviam outros métodos de apontarmos este problema, mas neste aspecto, e isto aconteceu em Bagunte, apenas souberam seguir a questão do NÃO ao aborto, quando na verdade se votava a lei da despenalização da mulher.

Infelizmente, as pessoas foram votar no aborto e nem tão pouco leram a questão que estava escrita no voto com a devida atenção, votando verdadeiramente no sim ou não ao aborto e não na alteração da lei.

Contudo, uma nota negativa ainda aos partidos que se envolveram nesta luta, poderiam ter sido mais independentes. Seguiram a regra natural, se a oposição é contra, nós somos a favor. Poderiam ter colocado de parte a questão partidária e não envolver a politica nesta questão meramente social.

Em Bagunte venceu o Não, tendo a abstenção chegado aos 50%, algo que não nos surpreende e que reflecte o cansaço da população nesta matéria.